segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Os Espíritos não podem tudo revelar!

[A Gênese - cap. I:60]

Os Espíritos não se manifestam para libertar do estudo e das pesquisas o homem, nem para lhes transmitirem, inteiramente pronta, nenhuma Ciência. Com relação ao que o homem pode achar por si mesmo, eles o deixam entregue às suas próprias forças. Isso sabem-no hoje perfeitamente os espíritas. De há muito, a experiência há demonstrado ser errôneo atribuir-se aos espíritos todo o saber e toda a sabedoria e supor-se que baste a quem quer que seja dirigir-se ao primeiro Espírito que se apresente para conhecer todas as coisas. Saídos da Humanidade, eles constituem uma de suas faces. Assim como na Terra, no plano invisível também os há superiores e vulgares; muitos, pois, que, cientifica e filosoficamente, sabem menos do que certos homens; eles DIZEM O QUE SABEM, NEM MAIS NEM MENOS, Do mesmo modo que os homens, os Espíritos mais adiantados podem instruir-nos sobre maior porção de coisas, dar-nos opiniões mais judiciosas, do que os atrasados. Pedir o homem conselho aos Espíritos não é entrar em entendimento com potências sobrenaturais, mas sim a seus iguais, àquelas mesmas pessoas a quem nos teríamos dirigidos em vida; a seus pais, a seus amigos, ou a indivíduos mais esclarecidos que nós. Eis, pois, o que é importante de persuadir-nos, sendo este um ponto ignorado por aqueles que, não havendo estudado o Espiritismo, fazem para mesmos uma idéia completamente falsa sobre a natureza do mundo dos Espíritos e das relações de além túmulo.
Convém manifestarmos nosso desapontamento com aqueles que se declaram espíritas, mas que ignoram ou fingem ignorar, ou interpretam de acordo com suas conveniências. O que diz o prof. José Herculano Pires a propósito?
[A Pedra e o Joio - José Herculano Pires]
O simbolo da pedra de toque é usado (...) para representar a Codificação do Espiritismo. Qualquer novidade que apareça no meio doutrinária pode revelar a sua legitimidade ou a sua falsidade num simples toque dos seus princípios com os da doutrina codificada. Na crítica aprofudanda que faz da Teoria Corpuscular do Espiritismo oferece um modelo seguro de análise que devem ser submetidas todas as inovações propostas. De posse desse modelo os estudiosos terão um roteiro eficiente para sua orientação no uso do bom senso e da razão crítica.A palavra crítica é aqui usada no sentido clássico de avaliação de uma obra ou de uma teoria e não no sentido popular de censura ou maledicência. A crítica como avaliação é indispensável ao desenvolvimento da cultura, ao aprimoramento da inteligência. Sem a justa apreciação de livros e doutrinas estamos sujeitos a enganos que nos levarão a situações desastrosas. Há doutrinas apresentadas com roupagem literária e científica enganadora. Precisamos despí-las para chegar à verdade que, segundo a tradição, só pode ser conhecida em sua nudez.O joio é uma excelente de gramínea que nasce no meio do trigo, prejudicando a seara. No Evangelho ele aparece como símbolo de doutrinas errôneas. O autor utilizou dessa imagem para caracterizar as pretensas renovações doutrinárias que surgem no meio espírita. Passa em revista as que mais se destacam no momento, advertindo o leitor contra os perigos que apresentam, e aprofunda a sua crítica, de maneira minuciosa e severa, ao tratar da que lhe parece mais representativa.
Seu objetivo é mostrar a necessidade de encarar-se o Espiritismo como doutrina apoiada em métodos seguros de pesquisa e interpretação da realidade, que não pode ser tratada com leviandade. Oferece ao leitor uma exposição do método de Kardec, até hoje praticamente não analisado, e chama a atenção dos estudiosos para a importância de conhecerem esse método, a fim de não se deixarem enganar pelo joio e poderem examinar de maneira eficaz as novidades que surgem no meio doutrinário.
O movimento espírita brasileiro ignora Kardec quando se trata aplicar suas recomendações . Tudo se publica sem exame diante da pedra de toque. Então por que aceitar a informação de que "os exilados vieram de Capella" sem o devido exame? A alegação de que Emmanuel é um Espírito puro ou superior não é suficiente, como vimos em um outro momento.
Não se justifica nenhuma reação adversa quanto às nossas ponderações arrazoadas quando constituem um juízo centrado na mais estrita lógica doutrinária espírita, perfeitamente de acordo com as obras balizadoras – únicas quando se trata de traçar a linha metodológica a ser seguida no trabalho da crítica espírita. Por hora estamos apresentando as referências doutrinárias como ponto de partida para a defesa das idéias que abraçamos, antes de desenvolvermos as razões científicas que por si bastariam para provar a impossibilidade de existência de exoplanetas e conseqüentemente de vida orgânica em qualquer das estrelas capelinas existentes.

Por acaso, quando se trata de identificar qual, ou quais mundos são habitados por inteligências algo semelhantes aos dos humanos terráqueos, não se trata de guiar descobertas que competem à Ciência? Não envereda o autor espiritual por caminhos que fogem à sua competência? Não vejo razão alguma para desprezarmos Kardec tão somente por se tratar de um trabalho de crítica que afeta Emmanuel e seu famoso médium. Mais uma vez citamos Erasto: “É necessário distinguir as comunicações verdadeiramente sérias das comunicações falsamente sérias, o que nem sempre é fácil, porque é graças à própria gravidade da linguagem que certos Espíritos presunçosos ou pseudo-sábios tentam impor as suas idéias mais falsas e os sistemas mais absurdos. E, para se fazerem mais aceitos e se darem maior importância, eles não têm escrúpulos de se adornar com os nomes mais respeitáveis e mesmo os mais venerados.” Allan Kardec muito insistiu num ponto, que convém relembrarmos: “Já dissemo-lo cem vezes: PARA NÓS A OPINIÃO DE UM ESPÍRITO, SEJA QUAL FOR O NOME QUE A TRAGA, TEM APENAS O VALOR DE UMA OPINIÃO PESSOAL. Nosso critério está na concordância universal, corroborada por uma lógica rigorosa, para as coisas que não podemos controlar com os próprios olhos. De que nos serviria prematuramente dar uma doutrina como verdade absoluta, se, mais tarde, devesse ela ser combatida pela generalidade dos Espíritos?

Ecoa em nossas mentes, sem cessar, as recomendações que foram inseridas na Codificação, não por acaso, ou apenas para preencher lacunas em algumas páginas mas, para nos mantermos atentos com “... os ditados mentirosos e astuciosos, emanados de uma turba de Espíritos enganadores, imperfeitos e maus.” E exortou a todos “... a desconfiar das comunicações que têm um caráter de misticismo, ou que prescrevem cerimônias e atos bizarros porque então há um motivo legítimo de suspeita”, pois, “quando uma verdade deve ser revelada à Humanidade, é, por assim dizer, instantaneamente comunicada em todos os grupos sérios que possuem médiuns sérios.” Mas a seriedade, o histórico revelador de muitos anos dedicados à causa espírita, tanto no aspecto social e assistencial como em sua divulgação e propagação, não se apresenta como elemento que possa garantir qualquer infalibilidade no campo das idéias.



Os Espíritos, de fato, não podem tudo revelar e não são infalíveis. Usar o argumento de que são Espíritos perfeitos é outro erro de juízo cuja fragilidade fica evidente quando indagamos sobre uma questão de mérito: pode uma criança no rudimento de seus estudos de aritmética julgar a excelência de um Doutor ou de um PHD em álgebra abstrata ou em Cálculo avançado? Claro que não. Do mesmo modo como é possível, Espíritos ainda tão primários, julgar a excelência de algum outro Espírito classificando-o como perfeito ou como próximo da perfeição, se não dispõe do conhecimento indispensável que lhe garanta um referencial de perfeição somente do conhecimento de outro Espírito perfeito e de Deus?

“Que pensaríeis de um homem que se erigisse em censor de uma obra literária sem conhecer literatura? De um quadro sem ter estudado pintura? É de uma lógica elementar que o crítico deva conhecer, não superficialmente, mas a fundo, aquilo de que fala. Sem o que sua opinião não tem valor.” – Allan Kardec (O que é o Espiritismo).



Para tratar de assuntos de Astronomia o mínimo exigido é que o crítico tenha um conhecimento razoável da ciência, principalmente de sua metodologia. Astronomia significa, etimologicamente falando, “a Lei das Estrelas” (do Grego: άστρο + νόμος), qualquer que seja o juízo que se deseja apresentar. É uma ciência que envolve a observação e a explicação de eventos que ocorrem fora dos domínios da Terra. Estuda a origem planetária, a evolução e propriedades físicas e químicas de tudo que pode ser observado direta ou indiretamente no espaço cósmico, bem como todos os processos que os envolvem.



“Para combater um cálculo, é preciso opor-lhe outro cálculo, mas, para isso, é preciso saber calcular. O crítico não deve se limitar a dizer que tal coisa é boa ou má; é preciso que ele justifique sua opinião por uma demonstração clara e categórica, baseada sobre os próprios princípios da arte ou da ciência. Como poderá fazê-lo quem ignora esses princípios? Poderíeis apreciar as qualidades e os defeitos de uma máquina se vós não conheceis a mecânica?”



Nossa crítica é orientada com base no pensamento kardeciano. Não deixaremos de examinar todas as ponderações que venham a ser feitas em oposição ao que defendemos, mas abraçaremos com cuidado e zelo às que venham a ser formuladas por estudiosos das “Leis das Estrelas”, desde que constituam tentativas para nos provar qualquer erro.


Nenhum comentário: